Praticar é o caminho.

O assunto de hoje é a importância de uma rotina de estudos e o quanto a falta de prática pode te atrapalhar no desempenho musical. 

Aprender significa mudança de comportamento através de experiências e a escola de música é o lugar certo para isso. É na escola que você experimenta novos exercícios, atividades e repertórios. Mas a gente vai te explicar melhor ainda como você aprende um instrumento novo. 

Podemos aprender habilidades motoras em 3 estágios distintos: 

Cognitivo – a etapa de identificação do que fazer;  

É seu primeiro contato com aquele comando para um determinado movimento que geralmente sai de forma muito instável. 

Nesse primeiro estágio você vai precisar pensar no movimento e seus detalhes antes de realizar e ele tem que ser feito de forma simples e rústica.  Essa é a parte chata, em que parece que sempre fazemos o mesmo exercício na aula, e SIM! Você está fazendo o mesmo exercício! Isso porque seu professor sabe que não pode simplesmente pular para o próximo estágio sem concluir este. 

Associativo – a etapa de aplicação; 

Nessa etapa percebemos uma maior concentração e movimentos mais eficientes na execução da atividade proposta. O aluno já tem uma performance um pouco mais elaborada e consegue ter estabilidade na realização do que foi pedido. Há possibilidade de explorar novo exercícios, vendo que o músico já consegue aplicar o conhecimento prévio. 

Autônomo – a etapa da acomodação de conteúdos; 

A última fase desse desenvolvimento seria o estágio autônomo, onde os movimentos se tornam muito precisos, consistentes e eficientes. O músico consegue realizar performances de extrema complexidade com estabilidade e confiança. Nessa etapa é possível variar as atividades, elevar o nível de dificuldade e explorar a criatividade do aluno.  

Então já deu para entender que precisamos estudar a partir da nossa condição atual e que o grau de complexidade deve ter um aumento gradativo, respeitando a condição do aluno a cada etapa citada anteriormente. É preciso estar atento a escolha da região de frequência, velocidade de execução, duração e combinação do som, e as escalas que atenderam da melhor forma o momento do aluno.  

Agora precisamos entender a importância da prática na vida do músico. 

Sendo a prática de qualquer instrumento uma atividade motora, ela obedece aos princípios da fisiologia do exercício sobrecarga, reversibilidade, individualidade biológica e especificidade. 

Vamos nos atentar ao termo REVERSIBILIDADE. Quer dizer que é possível reverter todo o processo de treinamento que você teve até aqui. 

Isso pode ser bom e ruim e a gente explica porque. Se você teve comportamentos inadequados, adquiriu vícios errados, que atrapalhavam sua evolução nas aulas, a continuidade aliada a reversibilidade – que é quando o organismo se adapta a um nível habitual de solicitação, onde os efeitos do treinamento revertem-se, caso o indivíduo torne-se mais inativo – auxiliam na extinção destes comportamentos. Traduzindo: todas as práticas mais inadequadas possíveis têm solução! 

Por outro lado, a interrupção dos exercícios pode resultar em perdas das adaptações adquiridas com o treinamento, provocando um prejuízo no desempenho, diminuindo assim a sua capacidade de realizar as atividades. Portanto independente do motivo, a interrupção do treinamento estimula o processo de reversibilidade, e esse promove uma queda considerável no desempenho. Entendemos assim que com a reversibilidade do treinamento pode ocorrer uma perda parcial ou total das adaptações adquiridas.  

Alguns teóricos trazem a ideia de que em apenas uma ou duas semanas de “destreinamento”, podem acontecer reduções significativas, e os aprimoramentos induzidos pelo treinamento são totalmente perdidos dentro de alguns meses ( Mcardle, Katch e Katch – 1998) 

Os pontos importantes sobre o aprendizado motor que devemos lembrar sempre é que se trata de um PROCESSO e não de um estado fixo 

***não é possível alcançar aprendizado apenas após repetições num curto prazo;*** 

Mudar temporariamente o seu desempenho não quer dizer que houve um aprendizado efetivo.  

Sendo assim ficamos com a frase de Barbanti (2010), em que quando se trata de reversibilidade devemos ter a seguinte ideia: “o que não se usa, perde-se”. Que nos remete ao pensamento de que, nas fases iniciais de todo aprendizado, principalmente com novos alunos, a base deve ser construída lentamente e com diversidade de gestos motores, incluindo atividades coordenativas e posturais, respeitando a condição e capacidade atual do aluno. 

Então fica aí a dica de milhões: Estude! Pratique sempre que puder e como puder! Entenda que as aulas são a menor parcela do caminho até seu sonho em se tornar um bom músico.  

Deixou de praticar um… dois… três… cinco dias? Calma! Você perdeu um pouco das suas habilidades sim, mas nada que a retomada de um treino persistente e ajuda de um bom profissional não possam resolver. 

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