Notação Musical

Como muitas outras coisas, a escrita musical também tem sua própria história, e pode ser vista como uma perpetuadora de memórias musicais, aquela que permitiu imortalizar saberes e tradições que antes circulavam apenas de forma verbal. Toda vez que uma canção era criada e ensinada, cabia ao músico a tarefa de repetir e memorizar cada detalhe para tentar reproduzi-la sempre da mesma forma. Essa era uma tarefa impossível sem um registro e muitas canções foram se modificando ao longo do tempo.

Por outro lado, a música, tida como uma outra forma de comunicação tão antiga como a linguagem, necessitava também, tal como as demais áreas do conhecimento, de um sistema base de escrita que permitisse a sua preservação ao longo do tempo. Para isso, o Homem foi criando diversas formas de notação que, evoluindo, possibilitaram a conservação da informação musical gerada ao longo de séculos, passando-se também neste domínio de uma tradição oral para uma já “grafada”, mais consistente e esclarecedora. (SOUZA, 2012, p. 14).

Mas ela não se apresentou originalmente como a conhecemos hoje. A notação musical passou por um processo de aprimoramento até sua formatação atual, por ser uma tecnologia comunitária.

Vamos apresentar alguns exemplos de escritas musicais ao longo da história, para que essa evolução fique mais clara.

Neumas (lê-se nóima) eram os elementos básicos do sistema de notação musical antes da invenção da notação tradicional (de pautas de cinco linhas).

Essa notação musical  primeiro com a função de auxiliar a memória de quem cantava e só mais tarde se tornou cada vez mais precisa. Primeiramente, eram colocadas pequenas marcas junto das palavras indicando o tipo de movimento sonoro a cantar. 

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d0/Neumasiniciais.JPG/220px-Neumasiniciais.JPG
Resultado de imagem para neumas musicais
Resultado de imagem para neumas musicais

Existiam também vários sinais de pequenas alterações rítmicas, melódicas, ou interpretativas, assinaladas com letras. Neste sistema, o cantor tinha de conhecer previamente as músicas. Esta forma musical foi muito utilizada na Idade Média. Só mais tarde foram implantadas cinco linhas.

Os Gregos também possuiam um sistema de notação próprio (desde o séc VI a.C) baseado em seu alfabeto.

Símbolos gregos e respetiva correspondência com a notação atual.

Imagens retiradas da Dissertação de Mestrado de Maria de Nazaré Valente de Sousa, 2012.

Mas foi Guido D’Arezzo, um monge e o criador da notação moderna na pauta antiga, e que batizou as notas musicais com os nomes que conhecemos hoje: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si (antes eram ut, re, mi, fa, sol, la e san), baseando-se nas sílabas iniciais de um hino a São João Batista em latim:

Ut queant laxis

Resonare fibris

Mira gestorum

Famuli tuorum

Solve polluti

Labii reatum

Sancte Ioannes

Que significa:

“Para que teus servos, possam ressoar claramentea maravilha dos teus feitos, limpe nossos lábios impuros, ó São João.”

Foi Guido também, que ao final do século XI, instituiu a pauta como papel de quatro linhas.

O sistema sofreu algumas pequenas transformações no decorrer do tempo: o musicólogo Giovanni Batista Donni, por sua vez, renomeou a nota Ut, batizando-a de “Do”, para facilitar o canto com a terminação da sílaba em uma vogal, derivando-se provavelmente de Dominus (que significa Senhor em latim).

Pauta

Após as várias alterações já citadas criou-se um papel específico para a escrita musical. Segundo o músico Bohumil Med, autor da obra “Teoria Musical”, somente no século XVII foi consolidada a pauta composta por 5 linhas paralelas e 4 espaços, contadas de baixo para cima, como no exemplo a seguir:

Este papel especial é chamado de pauta ou pentagrama (oriundo do grego: penta = 5 e grama = linha) onde as notas estariam representadas graficamente, dispostas de acordo com sua altura (ver aula de propriedades sonoras). Logo ficariam representadas da seguinte maneira:

Queremos ressaltar aqui alguns pontos importantes para o estudo da música. O primeiro grande ponto é que desde o início a humanidade sentiu necessidade de registrar suas expressões musicais, e isso mensura seu valor cultural em todas as civilizações conhecidas.

É fundamental ressaltar que a música é objeto de estudo de várias áreas do conhecimento, e vem sido aperfeiçoada constantemente. Logo, ela não é algo inato, para “poucos escolhidos”. A música é do domínio da educação e pode ser aprendida.

E algo que é muito curioso sobre a escrita musical é: se você não registra, você pode perder os detalhes ou a essência. A música acontece no chão chamado TEMPO, e a partir do momento em que você começa uma música, o tempo não vai te esperar. É preciso antecipar cada movimento, nota, ornamento, para que não se perca nada disso durante a interpretação. Por isso a nossa dica é: ANOTE! Não conte com a sua memória ou não torça para que “na hora saia”. Use como exemplo todos os grandes compositores que já existiram e deixe pequenos lembretes no seu repertório.

Nesse momento você pode estar pensando: eu não sei nada sobre partitura. Pois bem! É por isso que levantamos aqui a história da notação musical. Você não precisa dominar a escrita formal para desenvolver seu próprio sistema de notação. Deixe sinais gráficos ao longo da sua música para lembrar da técnica, sinalizar trechos de dificuldade, trocas de tom, fraseados mais complexos, etc. 

Esperamos que esse material tenha te ajudado a conhecer mais sobre a música e também te apontado caminhos nos estudos. 

Compartilhe este post

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on print

Últimos Post

Compartilhe este post

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on print